Villeneuve considera a atuação de Bottas embaraçosa
Jacques Villeneuve é daqueles senhores que não tem problema em dizer o que lhe vai na alma, conseguindo com isso atrair a atenção de quem lê. As opiniões de Villeneuve são para ser “saboreadas” com alguma moderação e o autor deste texto não é adepto dos cocktails servidos com regularidade pelo campeão do mundo canadiano.
Sobre Bottas, disse que a performance do #77 foi “embaraçosa” no Brasil e que o finlandês não foi capaz de apresentar o ritmo do seu companheiro de equipa ao longo da época. “Ele simplesmente não tem o ritmo de Hamilton. Foi assim o ano todo e é este o seu nível. Apenas um bom nº2”.
Quanto a Villeneuve não há muito a dizer. Vice-campeão no seu ano de estreia em 1996 e campeão em 97, desde esse ano que o seu registo de piloto não sofreu grandes evoluções, com exceção em 2008 com um pódio em Le Mans. Em 163 GP conseguiu 11 vitórias (todas conquistadas na Williams), 23 pódios e poles, registo muito semelhante a outros famosos nº2, com a grande atenuante de ter sido campeão e ter menos GP no seu CV.
Bottas por seu lado fez pouco para evitar este tipo de comentários. Ou melhor, não mostrou capacidade para inverter o ciclo negativo que se iniciou na segunda metade da época. Bottas teve de facto de se contentar com um papel de piloto secundário, enquanto Hamilton era o centro das atenções, com exibições que o justificavam.
Dando uma breve vista de olhos à carreira de Bottas, é fácil entender que nas categorias inferiores foi um dos grandes destaques. De 2007 a 2010 esteve sempre nos pódios das competições por onde passou com 5 titulos nas passagens bem-sucedidas pela Formula Renault 2.0 (NEC e Eurocup), na Formula 3 Euro Series, no Masters de Formula 3, e no GP3. Em 113 provas disputadas nas categorias de entrada na F1, Bottas conquistou 58 pódios, dos quais 31 no primeiro lugar.
2017 foi o primeiro ano em que Bottas ficou atrás do seu colega de equipa, ele que compete na F1 desde 2013. Por muito que seja justo apontar o dedo às prestações menos conseguidas, não se pode assumir que Bottas não tem capacidade para mais, pois o seu CV mostra o contrário.
Bottas chegou à Mercedes e encontrou uma realidade diferente e um carro de trato difícil, que não se adequa ao seu estilo de pilotagem, algo admitido de forma frontal e sem rodeios, mas que talvez o tenha desestabilizado mentalmente. Este ano conseguiu 3 poles, 2 vitórias, 12 pódios, o que no primeiro ano com uma equipa nova não pode ser considerado negativo. Exigia-se mais, é certo, e Bottas terá de subir de rendimento se quiser manter-se na Mercedes, que deve estar a encarar a hipótese Ricciardo com alguma seriedade. Mas descartar Bottas da equação é injusto para um piloto que, embora não deslumbre em pista, tem as ferramentas certas para lutar por títulos.
Bottas não é um piloto que seja fácil de apreciar. A sua postura fria e reservada, o seu estilo de condução menos exuberante e o seu discurso, fazem dele um piloto facilmente subvalorizado. O futuro poderá não confirmar o que o seu início de carreira prometia, como é o caso de Hulkenberg, um piloto com um registo espantoso nas categorias inferiores e que até já venceu em Le Mans e que desde 2012 ainda não conseguiu encontrar o caminho para o pódio. Mas assim como ninguém duvida da capacidade do alemão, é justo que se faça o mesmo para Bottas que ainda vai a tempo de mostrar o seu real valor.
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Bem, parece que alguém quer que o Bottas com carro que não se adapta ao seu estilo de condução tem que fazer o mesmo que o Hamilton. Se o carro foi talhado para o Hamilton, e este não é um piloto qualquer, o que quer o Villeneuve? Talvez um milagre.
O próprio Hamilton disse que era um monolugar difícil de pilotar, devido ao pequeno espaço que têm de afinação e acertar com os pneus, coisa que o Ferrari parece ser melhor. Não me admira que Bottas tenha ficado tão aquem, ainda não tem tanta experiência para extrair o máximo do monolugar.
Acho que merece o benefício da dúvida. Em 2018 já não tem esse espaço de manobra, assim que vai ter de se aplicar.
Coisa rara, desta vez estou de acordo com o Villeneuve. Nunca achei que o Bottas fosse um super dotado e, para mim, este ano confirmou-o. Um bom piloto, mas aquém dos melhores da sua geração. Vamos ver para o ano, talvez melhore com a questão do carro, mas nunca achei muita graça a pilotos que dizem que o carro se adapta melhor ao parceiro do que a eles.
Gosto deste jornalista, opinativo e sem o politicamente correto da maior parte dos colegas. Já em relação ao Bottas, não é, na minha opinião, um dos melhores, o Vettel, o Hamilton, o Alonso, o Max, o Ricciardo, o Kimi, o Ocon, o Hulkenberg variam melhor naquele Mercedes. Serve para segundo piloto de uma Mercedes ou até Ferrari, e para primeiro piloto de uma Williams ou de uma Force India. O fato do carro ser difícil de guiar e de perder downforce como nenhum, quando está no meio do pelotão é correto, o Hebert e o Di Resta já disseram isso… Ler mais »
Um pormenor interessante: os pilotos que fazem ou poderão fazer a diferença “vão buscar décimos” onde quer que seja! Vettel, Hamilton, Max, Alonso (dos actuais) fizeram-no… Bottas nem tanto e isso faz a diferença, tendo em conta que os carros aparentemente “serão iguais” (em princípio)
Desta vez estou em desacordo com alguns aspectos deste artigo, embora o tenha apreciado bem mais do que as verborreias fanboyísticas de outros que escrevem ou escreveram no AutoSport. Vamos lá a ver: 1 – Concordo que tudo o que o Jacques Villeneuve diz tem de ser tomado com um grão de sal. Cada opinião do canadiano parece ser uma prova de vida, uma forma de mostrar que ainda é relevante. É ele e o Bernie Ecclestone. Como ele é hoje uma insignificância, tem de dizer disparates tonitruantes para que lhe dêem atenção, mais ou menos como aqueles catraios que… Ler mais »
Para mim Hulk, Perez ou Grosjean teriam feito melhor no Mercedes. Diminuir o Hulk não faz sentido, se há quem diga que o Sainz está ao nível do Verstappen, vão ter uma boa comparação para o Hulk – e até agora tem-lhe sido favorável.
O Grosjean talvez. Apesar do que as pessoas dizem, é um excelente piloto que merece uma oportunidade numa equipa da frente. Quanto aos outros dois, viu-se o que o Pérez é capaz numa equipa de ponta quando esteve na McLaren. E, se o Checo conseguiu bater o Hulkenberg na Force India, penso que isto diz tudo sobre o verdadeiro valor deste último. O que não faz sentido nenhum é atribuir-lhe um valor que ele já provou não ter. Por mim, atentas as condições existentes quando o Rosberg saiu da F1, penso que a Mercedes fez a melhor escolha. Parece que… Ler mais »
so23101706, só um pequeno à parte a propósito do seu ponto 1 e do Fábio Mendes dizer que o JV “atrai a atenção de quem o lê” e ainda porque estou sempre a ler que ele faz tudo para chamar atenção para que não se esqueçam dele e assim sobrviver: O Jacques Villeneuve trabalha para a Sky F1 italiana e para o Canal + francês. Isso significa que em todos os fds é visto e escutado por cerca de 1,5 milhões da Sky mais 750 mil do Canal + (fora os streaming), ou seja, estamos já a falar de milhões… Ler mais »
Obrigado pela informação, rodríguezbrm. De facto, essa circunstância dá outro contexto às afirmações do JV (embora não lhes confira mais razoabilidade, evidentemente).
Essa história do carrinho não estar feito à medida só pode justificar uma parte do insuficiente desempenho. Piloto que é piloto adapta-se à máquina e não o oposto. Desconfio que se tivessem posto ambos os mercedes ao jeito do Bottas, o hamilton pegava num deles e não dava hipótese ao Vettel. Uma coisa é conseguir tirar uns centésimos extra, outra é partir da box e chegar ao fim quase lado a lado que foi o que o ham fez em relação ao xanatos. Quanto à “espetacularidade” da condução não me parece que entre nestas contas, aliás o Hamilton não fez… Ler mais »
O Jacques tem de ir aparecendo, senão esquecem-se dele. Porém, também não acho que o Bottas esteja entre “le créme de la créme” da F1. É verdade que o pós-GP Brasil não é o melhor para botar faladura, pois perdeu a corrida na 1ª curva (Bottas dixit), o Wolff diz que lhe falta ser “killer” e o cronómetro mostra que apanhou umas “calças” do Hamilton. Mas o rapaz não tem chama e como tal dificilmente irá transpor aquele limiar dos Grandes. Concordo com os comentários de que haveria um punhado de pilotos a quem o Merc vestiria muito bem, melhor… Ler mais »
Já agora, a foto do Ferrari manco entra aonde? Não foi o Bottas, caramba! O autor até está numa das equipas por onde andou o Jacques…
Embaraçosa foi a carreira desportiva deste “Jakes”. Só funcionou com o melhor carro depois foi o que a estatística revela. Mas mais embaraçoso como rapazinho (ou homenzinho) foi no início estar sempre a dizer: atenção eu sou o “Jakes” e anos mais tarde quando andava a “pedir” no padock: “não se esqueçam que sou filho do Gilles”.
Parece-me perfeitamente natural fazer uma comparação entre as exibições de Bottas desde que chegou à Mercedes e o Campeão do Mundo de 2016 Nico Rosberg. Inclusivamente, comparando o Rosberg que correu tb na Williams com o Bottas da Williams, acho que existe uma clara vantagem do primeiro. Ao longo dos anos em que Rosberg foi companheiro de equipa de Hamilton, nunca esteve na sombra do Inglês. Lutou com ele corrida a corrida, é certo que foi mais vezes batido do que aquelas em que saiu vencedor, mas numa coisa temos de estar todos de acordo: A diferença de andamento entre… Ler mais »