Entrevista Jari-Matti Lavtvala: “Gosto destas classificativas”

Por a 19 Maio 2016 15:22

Depois do desaire no Rali da Argentina, desistindo no sábado quando liderava a prova, Jari-Matti Latvala está de regresso a Portugal e à prova que venceu o ano passado com a expetativa de repetir o resultado. Saiba como o finlandês se preparou para mais este desafio e o que poderá ocorrer caso chova no sábado.

Como correram as preparações para este rali?

Correu tudo bem. Estou satisfeito. Testámos um dia na semana passada com o carro de 2017 e tivemos sorte uma vez que não choveu nesse dia, apesar de o piso ter estado molhado. Pelo menos conseguimos ter um melhor ‘feeling’ do carro já que não havia muita lama. Ok, estávamos a testar o carro de 2017, mas pelo menos conseguimos ter uma noção geral do que iremos encontrar na prova.

Quão difícil foi colocar o resultado na Argentina para trás das costas?

Bom, obviamente estava muito desapontado na Argentina porque senti que tudo estava tudo sob controlo. Estava realmente satisfeito com o andamento que tinha demonstrado até então… Mas não sei, o amortecedor entrou pelo capot… não faço ideia do motivo. Antes disso não tive qualquer impacto, e de repente quando tudo aconteceu não havia nada que eu pudesse ter feito para evitá-lo. Não foi muito difícil colocar para trás das costas o que aconteceu, porque mais uma vez eu não poderia ter feito nada de diferente. Desta vez tenho que dizer que tive mesmo muito azar.

Sentes que vais ter que tentar vencer ao máximo para teres hipótese de entrar novamente na luta pelo campeonato?

Bom, claro que as coisas não estão fáceis. O campeonato não parece muito encorajador quando te encontras tão atrás. Tive um início semelhante o ano passado, mas a diferença é que, na minha opinião, tenho estado a conduzir melhor. O desempenho tem sido melhor comparativamente ao ano anterior, porque em 2015 fui realmente lento em algumas provas e ainda assim cometi alguns erros. Este ano tive dois ralis com problemas (Suécia e depois Argentina), portanto perdi pontos à conta disso. Claro que em Monte Carlo fiz um erro, esse foi um erro meu. Temos mais dez ralis até ao fim, e sei que é muito difícil apanhar o Séb. Mas já não penso muito nisso. Apenas prova a prova. Vamos ver como as coisas correm.

Partir atrás vai ser vantajoso neste Rali de Portugal?

Bom, neste momento, consegues ver que o sol está forte. As classificativas estão cada vez mais secas. Com certeza que se o rali ocorresse no início da semana não haveria qualquer vantagem, mas como o piso tem vindo a secar, sim, teremos um benefício. E penso que será muito semelhante ao Rali da Argentina. No primeiro dia houve algumas especiais em que não tinhas vantagem, mas depois no sábado, sim, tinhas. Portanto o que acontece aqui é que há classificativas que estão muito limpas, mas outras em que tens terra solta, como as de sexta-feira. Por exemplo, na terceira classificativa haverá alguma limpeza, e também no sábado, na segunda especial.

O Thierry Neuville e o Kris Meeke serão os teus maiores adversários?

Sim, com certeza que eles partirão com uma grande vantagem. Difícil  dizer quanto. Outra característica aqui é que as estradas são muito boas, a organização fez um trabalho fantástico em limpar a estrada, em torná-las mais largas e rápidas. Mas existem algumas que têm areia no topo, que parte, e depois limpa. No entanto, acredito que em condições normais o Meeke e o Neuville partirão das melhores posições para este evento.

Venceste o Rali de Portugal em 2015 e o figurino mantém-se praticamente inalterado. Isso dá-te mais confiança para repetires o resultado?

Eu gosto destas classificativas. Com certeza que é muito bom estar aqui. Se olhares ao meu desempenho e resultados no sul, não foram muito positivos. Conseguiu alguns pódios, mas nunca fui capaz de lutar pelas vitórias aqui. Mas quando viemos aqui para o norte estas estradas favoreceram-me. No geral, são mais lentas no Algarve. Aqui os troços são mais rápidos, mas também há mais areia. Diria que aqui é uma mistura da Argentina e Sardenha, tens estradas rápidas, algumas mais estreitas também, mas areia dura no topo da superfície.

Como esperas que as coisas mudem se a chuva surgir no sábado?

Se for chuva miudinha, não estou preocupado, porque a estrada, como é arenosa, consegue absorver a água. Mas se começar a cair com mais intensidade isso não irá acontecer, e tudo irá tornar-se mais traiçoeiro.

Mas essa situação não trará benefícios dada a ordem de partida?

Talvez. Se chover constantemente, então não é bom estar muito à frente. Mas se chover durante a noite e depois parar de chover então ser o primeiro na estrada será a posição de partida mais favorável, porque o que irá acontecer é que irás partir a primeira superfície e depois tornar-se-á mais escorregadia sucessivamente. Se chover constantemente não sei se os pilotos da frente não irão limpar a estrada.

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