Faz falta uma Associação de Pilotos no WRC?
Está quase a completar-se 30 anos que os pilotos do Mundial de Ralis fizeram uma ‘greve’ recusando-se a partir, invocando questões de segurança. Foi no dia 5 de março de 1986, depois do acidente da Lagoa Azul no Rali de Portugal. Cinco anos depois, no Rali da Catalunha de 1991, na estreia da prova espanhola no Mundial, uma enorme multidão invadiu a especial de San Hilari Osor, e os pilotos fizeram finca pé, e ‘obrigaram’ mesmo à anulação da especial.
No passado Rali da Suécia, os pilotos estavam a preparar-se para fazer greve na primeira especial do primeiro dia de prova, como forma de protesto. Queriam que a sua voz tivesse sido ouvida relativamente a tudo o que aconteceu nos dias antes do início deste evento. Como se sabe, nos dias antes deste rali ir para a estrada houve muita incerteza relativamente à meteorologia, e os organizadores tudo fizeram para que o rali não fosse pura e simplesmente anulado. Mas com as constantes mudanças climatéricas, havia o receio, lícito, dos pilotos em encontrar estradas muito diferentes das que viram nos reconhecimentos, e como entenderam que não foram tidos nem achados nas decisões, quiseram levar a cabo uma espécie de ‘rebelião’ e a primeira especial esteve mesmo para não se realizar devido a ‘greve’ dos pilotos. A ideia destes era não disputar todo o primeiro dia de prova como forma de protesto, rodando apenas para cumprir o percurso.
Em declarações posteriores, Hayden Paddon já veio revelar que as coisas não foram bem assim, que os pilotos sentem que não são ouvidos, mas nunca esteve em causa correrem. Como se sabe, segundo os regulamentos, são as equipas que lidam com a FIA quando algo é necessário discutir, e os pilotos fazem os seus contratos com as equipas sabendo disto, mas desta feita quiseram alterar o ‘status quo’ e impor a sua voz doutra forma.
Michele Mouton, em representação da FIA, destacou que “os organizadores e a FIA fazem as regras, e como noutros desportos, não são os jogadores que decidem se é falta, são os árbitros”. Hayden Paddon acabou por ser acusado de ter ‘furado’ o boicote (ele próprio já mostrou a sua surpresa por ter sido tornado público que teria sido o culpado da falha do boicote), mas a sua visão é clara: “Concordo com o princípio de que os pilotos devem ser parte ativa nestas questões, mas não com o método utilizado”.
Basicamente, os pilotos entenderam que as decisões tomadas entre a FIA e os organizadores não foram as melhores e temeram problemas na estrada, mas as suas equipas, juntamente com a FIA, acharam que estavam reunidas as condições para se fazer o rali. Tendo em conta que o rali decorreu sem grandes problemas, agora pode parecer fácil dizer que foi a opção certa, mas a verdade é que são os pilotos que arriscam as suas vidas. É uma questão, no mínimo, delicada. Lorenzo Bertelli acabou por ser a única ‘vítima’ assumida.
Na verdade estas são questões muito sensíveis, pois como é lógico as equipas tudo fazem para que os ralis decorram dentro da normalidade, fizeram os seus investimentos e o que não pretendem é que algo possa colocar isso em causa, mas os pilotos são sempre o elo mais fraco desta questão, pois são eles que estão na linha da frente e quando alguma coisa não corre bem são os os primeiros – às vezes os únicos e os grandes afetados – e as equipas depois só têm que lamentar. Por isso haver uma associação de pilotos que possa mostrar alguma força que os pilotos dificilmente podem ter sozinhos parece ser importante. Desde que todas as partes sejam razoáveis…
Martin Holmes/JLA
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