ENSAIO: BMW 420d Coupé Auto
Com a chegada do atualizado motor 2.0 turbodiesel da BMW, na sua variante mais dotada, à gama do Série 4, o 420d Coupé não regista, propriamente, uma evolução notória em termos prestacionais. Mas isso não significa que esta medida não acarrete alguns benefícios substantivos para o modelo, em termos de utilização, nomeadamente ao nível dos custos. Visualmente, quase nada a registar. As linhas do Série 4 Coupé continuam a ser de molde a agradar a um vasto número de indefetíveis, conjugando modernidade e dinamismo com aquele toque de agressividade que sempre se exige a esta configuração de carroçaria. Face ao anterior 420d Coupé, a única diferença assenta na ponteira de escape, que passou a ser dupla. E, num caso como no utro (e como sucede com quase todos os BMW), o resultado final depende muito dos extras que o comprador esteja disposto a eleger… o dispensar.
No caso da unidade testada, e neste domínio específico, o mais importante será o sempre muito desejado Pack M, capaz de aumentar o apelo estético e o agrado de condução, ao incluir (por €4350) elementos como a suspensão desportiva (na unidade ensaiada dotada ainda de amortecimento adaptativo, o que exige o dispêndio adicional de €740,00); o pacote aerodinâmico exterior; ou o volante e os bancos desportivos, entre outros mimos, de cariz mais estético do que, propriamente, funcional. Quanto às jantes, de série, são de medida 7 1/2Jx17” (revestidas por pneus 225/50) nas quatro rodas; o Pack M inclui jantes 8Jx18” na frente e 8 1/2Jx18” natrás (com pneus 225/45 e 255/35, respetivamente); mas a unidade de testes montava jantes 8Jx19” na frente e 8 1/2Jx19” atrás (com pneus 225/40 e 255/35), um conjunto sem dúvida capaz de aumentar o apelo visual do 420d Coupé, mas que, para além de acrescentar €1190 à fatura final, não proporciona outros benefícios evidentes, mormente em termos dinâmicos, tendendo até a prejudicar os consumos e as prestações. Já no interior é que não há mesmo novidades a registar. A qualidade de construção é a conhecida da BMW e deste modelo, graças a materiais escolhidos com critério, aos acabamentos rigorosos e a um design interior capaz de fazer jus ao dinamismo das linhas exteriores e ao próprio desempenho do veículo. O posto de condução continua a estar próximo da perfeição: baixa, marcado que é pelo excelente posicionamento dos pedais e do volante face ao banco, e pelas múltiplas regulações que permitem que rápida e facilmente a maioria encontre a posição ideal para ocupar o lugar mais apetecido a bordo. Quanto ao motor, nesta sua mais recente evolução, ganhou 6 cv e 20 Nm, disponibilizando agora um máximo de 190 cv às 4000 rpm e de 400 Nm às 1750 rpm. Na unidade ensaiada, este quatro cilindros contava ainda com os serviços da opcional caixa automática ZF de oito relações, um opcional disponível por €2430, capaz de incrementar o conforto de condução, pautando-se por um funcionamento suave e, acima de tudo, muito rápido, mesmo que não seja tão eficaz a tirar o máximo partido das capacidades do motor, e do próprio 420d Coupé enquanto um todo, numa utilização desportiva, quanto a caixa manual de seis velocidades proposta de série.
CONSUMOS DE REFERÊNCIA
Na prática, o atualizado 420d Coupé, numa utilização convencional, destacase pelos ótimos consumos que é capaz de alcançar (melhores até do que na anterior versão de 184 cv), sobretudo no modo de utilização “Ecopro” e praticando-se uma condução a dizer. O motor responde sempre de forma muito solícita às instruções do pedal da direita, e sobe de regime de forma linear e progressiva, ao mesmo tempo que a caixa de velocidades ajusta–se com competência à generalidade das situações. Sem ser um “tapete rolante”, até por via da suspensão desportiva incluída no Pack M, e dos opcionais pneus de perfil reduzido, o 420d Coupé exibe sempre um pisar sólido e firme mas, mesmo assim, consegue oferecer um nível de conforto apreciável, pela forma eficaz como as irregularidades são absorvidas pela suspensão. Aumentando-se o ritmo, começam a sobressair os melhores atributos do 420d Coupé. Modo Sport selecionado, e a superior firmeza da suspensão tem como benefício um controlo mais efetivo dos movimentos da carroçaria. Em estrada aberta, e em viagens mais longas, nota-se que o motor está menos ruidoso do que anteriormente, e também mais frugal, mas não conseguindo ainda ser tão refinado e discreto como alguns rivais, para além de que os pneus muito largos também não deixam de contribuir para aumentar o ruído de rolamento. Em compensação, quando aparecem os traçados mais sinuosos, o 420d Coupé revela uma precisão e uma agilidade difíceis de igualar a este nível, reforçada no caso em apreço pela suspensão desportiva adaptativa, capaz de o tornar ainda mais comunicativo e acutilante. A boa capacidade de resposta do motor na generalidade dos regimes, a rapidez da caixa, a firmeza da suspensão, que transmite com fidelidade a leitura das condições do piso, a direção rápida, precisa e comunicativa, tudo concorre para proporcionar bons momentos de condução, a que se junta uma traseira competente, para mais relativamente fácil de provocar, através da necessária dose de acelerador e volante, para obter as derivas de traseira que garantem um aumento da agilidade. Algo que, naturalmente, exige o desligar por completo do controlo de estabilidade, e que seria bastante mais fácil com uns pneus não tão sobredimensionados, que dificultam a quebra de ligação entre a borracha e o asfalto. Contas feitas, o BMW 420d Coupé continua a ser o que sempre foi, mas ainda melhor. Envolto por um apelativa aparência exterior, e por um habitáculo acolhedor e requintado, este é um automóvel que oferece uma excelente combinação entre conforto e economia em viagem; facilidade de utilização no dia a dia; e grande eficácia numa condução mais empenhada, traduzida em bons momentos de diversão e prazer ao volante. Não sendo o preço dos mais acessíveis (€46 900 na versão base, €49 930 com caixa automática), o grande handicap deste (como de muitos outros…) BMW pode ser mesmo a extensa e onerosa lista de opções, aquilo que permite desenhar qualquer BMW à medida do seu utilizador final, mas sempre com custo significativo. A título de exemplo, veja-se a unidade ensaiada, que, com todos os extras instalados, acaba por ficar marcada por um PVP liminarmente abaixo dos €70 000.
Texto: António de Sousa Pereira
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BMW 420d
Preço €49 930
Motor: 4 cil. em linha, inj. Direta common-rail, turbo, intercooler, gasóleo, 1995 cm3
Potência: 190 cv/4000 rpm
Binário: 400 N.m/1750-2500 rpm
Transmissão: traseira, cx. automática 8 veloc.
Suspensão: MacPherson Independente multibraços
Travagem: DV/DV
Peso: 1575 kg
Mala: 445 litros
Depósito: 57 litros
Velocidade máxima: 232 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 7,1s
Consumo médio: 4,3 l/100 km
Consumo médio AutoSport: 7,41 l/100 km
Emissões de CO2: 106 g/km
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