Crónica: o heroísmo de Paulo Gonçalves

Por a 9 Janeiro 2016 13:28

Os campeões são feitos de grandes momentos e não há dúvida que Paulo Gonçalves é um deles, pela forma como domina a arte de andar de moto, os resultados que obteve para o país no Dakar (o 2º posto na edição de 2015 é, a par do mesmo resultado obtido por Ruben Faria, em 2013, a melhor prestação de sempre de um português na prova) e acima de tudo o desportivismo e humanismo que revelou hoje ao interromper a sua corrida para permanecer junto de Matthias Walkner enquanto a assistência não chegava ao local onde o austríaco sofreu uma queda esta manhã.

Um episódio com um impacto ainda maior se nos recordarmos que o português liderava o Dakar e que Walkner era, por sua vez, um dos seus maiores rivais à vitória final na grande maratona, ocupando até ao acidente o terceiro posto da classificação relativa às motos, a 2m50s de Paulo Gonçalves.

Neste caso, a luta entre os pilotos (e as marcas, porque não, com o português a assumir-se como o ‘ponta-de-lança’ da Honda e o austríaco como o ‘matador’ da KTM) ficou para segundo plano, elevando uma vez mais o grande ambiente que se vive na mais importante das provas de todo-o-terreno, até porque não é a primeira vez que tal acontece: ontem, na sexta etapa do rali, foi a vez de Gerard Farres auxiliar o português Ruben Faria até à chegada da equipa médica, enquanto a também espanhola Laia Sanz interrompeu a sua corrida para ajudar o estreante ‘Pela’ Renet, campeão do mundo de enduro em 2014, após a queda do francês na 4ª etapa. Hoje, além de Paulo Gonçalves, também Pablo Quintanilla parou para prestar apoio a Matthias Walkner, o que diz tudo sobre a integridade destes concorrentes.

Ainda sem confirmação oficial, espera-se que o gesto de Paulo Gonçalves e de Pablo Quintanilla seja devidamente recompensado pela organização com a revisão do tempo que ambos levarem a completar a etapa de hoje, a bem da verdade desportiva e do espírito de entreajuda que sempre acompanhou o Dakar.

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ZKM
ZKM
8 anos atrás

É tudo muito bonito mas pode custar-lhe a vitória no Dakar e os vencedores é que passam a fazer parte da história da prova. O Paulo apenas teria de evitar quedas e erros pois só o Toby Price parece ter andamento para lutar pelo triunfo juntamente com o nosso compatriota.

Pity
Pity
Reply to  ZKM
8 anos atrás

Pode custar-lhe o Dakar, se a organização não lhe retirar o tempo perdido, como tem feito nos anos anteriores. A única diferença, é a quebra de ritmo, pois parar e arrancar podem custar uns segundos, que não perderia se mantivesse o ritmo. Contudo, é um gesto de louvar. Hoje foi ele a ajudar, amanhã, poderá ter de ser ajudado (oxalá que não necessite).

fish
fish
8 anos atrás

Foram removidos ao tempo do Paulo Gonçalves o tempo de 10:53, basicamente o que ele perdeu na ajuda que deu.

Patuleia
Patuleia
8 anos atrás

Não tirando o mérito ao homem, mas não é obrigatório que todos os pilotos (carros, motas, etc) parem para prestar auxilio a concorrentes feridos em pista até que os meios de socorro cheguem?

Mais tarde o tempo dessa paragem é-lhes retirado de modo a que não sejam prejudicados (exceptuando a quebra de ritmo competitivo como disse muito bem a Pity num comentário anterior).

Se não me engano já houve pilotos penalizados por não pararem para socorrer colegas feridos em provas anteriores.

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