Full Eventos diz que negociações para o Circuito de Vila Real “ainda estão em curso”

A Full Eventos negou que a realização do Circuito de Vila Real esteja em risco devido a problemas nas negociações com a entidade promotora do evento transmontano, a Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real (APCIVR). A pouco mais de três meses da data definida para o evento (21 e 22 de junho), ainda não é garantida a realização efetiva da prova com os campeonatos nacionais de Velocidade, algo que está dependente do desfecho das negociações entre a APCIVR e a Full Eventos. “Como é público e como consta no regulamento da FPAK, este ano o valor das inscrições dos concorrentes é entregue diretamente ao promotor do campeonato e não aos clubes”, explica Paulo Lourenço Costa, da APCIVR. “Ora, num circuito citadino isto coloca problemas acrescidos pois os custos de organização são muito maiores do que num circuito permanente. Ao contrário do que acontece em quase todos os outros campeonatos, a organização fica sem a sua fonte tradicional de financiamento. Mas não vamos fazer mais comentários sobre este assunto enquanto decorrerem negociações”, concluiu o representante da APCIVR.

Paulo Ferreira, o responsável da Full Eventos, diz que “é normal não estar nada definido porque as negociações ainda estão em curso. Aliás, neste momento nem sequer temos regulamentos e mesmo a primeira prova em Braga (ndr, a 12 e 13 de abril) ainda está a ser negociada com o CAM. Estamos a três meses de Vila Real e da nossa parte não há qualquer problema”, referiu. 

A exceção de Vila Real

Neste momento importa esclarecer alguns detalhes que ajudam à melhor perceção do que está aqui em jogo. Como se sabe, o Promotor explora os eventos, e para o efeito aluga circuitos e contrata serviços de clubes. Isto passa-se em Braga, no Estoril e no Algarve. Só que Vila Real é uma exceção, e passa-se tudo ao contrário porque neste caso foi a Câmara Municipal de Vila Real, como ‘dona’ do circuito, que decidiu que era importante voltar ali a realizar corridas. A seu lado tem o Clube Automóvel de Vila Real, CAVR e é neste contexto que tem de negociar com o Promotor. Só que enquanto os valores para os circuitos permanentes são uns, o valor necessário para colocar de pé toda a infraestrutura do Circuito de Vila Real leva a que os valores sejam muito mais altos e é este ‘detalhe’ que está a atrasar o processo.

Veja-se o exemplo da Porto Lazer, com o Circuito da Boavista. É a empresa da Câmara Municipal do Porto que tem de procurar apoios para viabilizar o seu evento, contratando depois o Clube, fazendo acordos para compor o seu programa de corridas. Só que aqui, por ser uma prova internacional há maior facilidade de obter apoios do Turismo de Portugal, o que não sucede no caso da Câmara de Vila Real com o seu circuito.

Feito este esclarecimento, a verdade é que a montagem das infrestruturas do Circuito é da responsabilidade da Câmara Municipal, que pretende usar uma estrutura parecida com a que foi usada em 2010 mas com o reforço da vedação em algumas zonas. Numa reunião a 2 de dezembro, a autarquia celebrou um protocolo com a APCIVR onde delega nesta a responsabilidade de “coordenação e obtenção de todos os os prestadores de serviços desportivos ou técnicos necessários”, segundo se lê na ata oficial. Ou seja, a APCIVR é a entidade que terá de negociar e definir quais as competições presentes no Circuito, sendo que a parte desportiva fica entregue ao Clube Automóvel de Vila Real. A Full Eventos é responsável pelo Campeonato Nacional de Velocidade (que este ano engloba na mesma grelha GT, Sport-Protótipos e Turismos) e pelo conceito de Racing Weekends, os eventos definidos no calendário da FPAK e que podem juntar outras competições e promotores, como por exemplo os Single Seaters Series e Classic Super Stock organizados por Fernando Gaspar. Já confirmada pela APCIVR está a presença da Historic Endurance, promovida por Diogo Ferrão.

Contactado pelo AutoSport, o presidente da FPAK, Manuel Mello Breyner, não quis comentar a situação atual de Vila Real, referindo apenas através da assessoria de imprensa da Federação que vai aguardar o desfecho das negociações entre promotores.