CRÓNICA: 24 HORAS DE LE MANS by João Carlos Costa
Desde 2000 é assim: venha quem venha, com ‘aposta’ maior ou menor, a roleta das 24 Horas de Le Mans está ‘viciada’ pela competência da Audi. Em 2014, saiu o ‘13’ na maior corrida do Mundo. A ‘tartaruga’ Audi bateu a ‘lebre’ Toyota, tendo eu de fazer de La Fontaine e encontrar uma personagem nova para a Porsche caber na fábula: a marca de Weissach apresenta-se como a moral da história. Só o trabalho continuado pode levar à recompensa. Se fizermos isso, um dia ela chega…
Gostei desta edição de ‘Le Mans’, ainda que tenha ‘tratado’ tão mal os três portugueses à partida. Não foi 2011, que terá sido a corrida mais que perfeita. Foi diferente. Um regresso ao passado na luta pela vitória, mas com as máquinas do futuro. Voltámos a ter carros com problemas mecânicos, como sempre acontecia nas provas de resistência. Voltámos a ter a incerteza da falibilidade mecânica e não apenas do Homem, sem alterar a necessidade de se andar a fundo do primeiro ao último minuto, paradigma das provas de longa duração do Século XXI.
Essa mistura fez toda a diferença. Porque a dúvida, a par da esperança, têm de fazer parte do espectáculo. Temos de acreditar que mesmo quando a nossa marca ou piloto preferido está fora do pódio, pode acontecer o volte-face, e não apenas ligado a possíveis acidentes.
Quando um carro é intervencionado dentro da boxe, ficamos a contar minutos e segundos. Contabilizamos as voltas perdidas. Verificamos a dança do sobe e desce da classificação. Descortinamos novos líderes. Foi isso que estas ‘24 Horas’ nos ofereceram nas últimas 10 horas, desde que a bobine do até então dominador Toyota nº7 cedeu e o TS040 parou a seguir a Arnage. Na boxe da marca japonesa os olhares diziam tudo: nem na 20ª presença mereceram prémio.
A lebre ‘eletrocutou-se’ e o Audi nº 2 passou para comando. Quase duas horas depois, dá-se o problema de turbo-compressor, com o drama do entra e sai das boxe até se perceber o que estava a acontecer. De repente, é o Audi nº1 a ficar na frente e começamos a fazer contas para celebrar a 10ª vitória de Tom Kristensen, o primeiro triunfo em língua portuguesa, mas sobretudo para escrever a alegoria do script ideal: o do carro transformado em flor viçosa após ter estado ‘murcho’, sem vida, com o acidente de Loic Duval logo no primeiro treino.
O ‘filme’ nem entrou em fase de pré-produção. Quatro horas passadas nova reviravolta. Mais um turbo-compressor a fazer das suas na Audi, abrindo o comando ao Porsche nº 20. Outro argumento de sabor imensamente apetecível: a marca que regressa, apostando num carro mais arrojado do que os da concorrência. Um 919 veloz numa viagem pelos 13,629 km da pista, menos consistente num agrupado de voltas, mas surpreendentemente fiável para ascender à primeira posição. Era o início da grande batalha do cronómetro, com o Audi nº2 nas mãos do mágico Andre Lotterer a dar caça de antologia, mostrando que o alemão é mesmo o grande Senhor das actuais provas de resistência.
Quando falavam menos de duas horas para o final, a moral da história ‘ataca-nos’. Só o tal trabalho continuado permite estar perto da perfeição. A Porsche ainda tem degraus a subir na escada de um ‘Nirvana’ onde a Audi Joest é exímia. O Porsche fica-se pela boxe e o R18 e-tron quattro segue a caminho da bandeirada de chegada. Ao volante, Benoit Treluyer desfaz-se em lágrimas na volta de desaceleração, personificando o jorrar da montanha-russa de emoções, enquanto Lotterer e Marcel Fassler rejubilavam com o terceiro triunfo do trio-maravilha.
Os pilotos do Audi vencedor, e o patrão, Dr. Ullrich, deram os parabéns a uma concorrência que ‘mostrou os dentes’, mas ainda não foi desta que ‘mordeu’ o fruto desejado.
Ao fechar a transmissão no Eurosport, dei por mim a pensar: todos os anos acontece algo de especial na pista de Le Mans – vemos a História a ser escrita!
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