Campeão mundial Paulo Gonçalves fala do Abu Dhabi Desert Challenge
Paulo Gonçalves começa amanhã o Abu Dhabi Desert Challenge com o número 1 na sua Honda. O estatuto adquirido pelo campeão do Mundo em título não foi afetado pelo azar no último Dakar, onde teve de abandonar ainda na primeira semana de prova. O piloto de Esposende fala sobre a nova temporada no Mundial de TT.
Em outubro sagraste-te campeão do Mundo FIM de TT (Ralis Cross Country), a segunda vez que um português conseguiu tal feito. Como foram estes quase seis meses desde o título até à primeira prova deste novo Mundial?
Paulo Gonçalves – Durante estes seis meses temos dado continuidade ao trabalho feito durante toda a temporada passada. Depois de me sagrar campeão do Mundo, tive pouco tempo para desfrutar. Continuei de imediato a trabalhar porque tínhamos o Dakar. Infelizmente, para mim, essa prova foi bastante curta. Depois de regressar da América do Sul pude descansar duas semanas para depois voltar ao trabalho. O campeonato começa agora e tenho uma responsabilidade muito grande. Queremos estar ao melhor nível e fazer tudo bem para podermos estar em condições de defender o número um.
Levar esse número na moto aumenta a pressão?
Paulo Gonçalves – Pressão há quando estamos num campeonato para ganhar e, mediante as decisões que se tomem, possamos perdê-lo. Agora isso já está feito e a partir desta semana o objetivo passa por tentar ganhá-lo outra vez. De qualquer forma não nos podemos esquecer que o Campeonato do Mundo é longo, não é uma semana de prova mas sim cerca de seis meses e há que ser muito competitivo e regular. Há que ser rápido sem cometer erros, e esperar que não surjam problemas para podermos voltar a conquistar o título.
Como enfrentas esta primeira prova em Abu Dhabi?
Paulo Gonçalves – É uma boa oportunidade para ver como estão os meus adversários. O objetivo é pontuar o máximo possível.
Que características têm Abu Dhabi e o Qatar, sendo estas duas primeiras provas do Mundial praticamente seguidas?
Paulo Gonçalves – O Abu Dhabi é uma prova muito diferente das restantes rondas do calendário. 90% da corrida é em areia, com muitas dunas, dunas essas enormes. Por vezes vamos durante largos quilómetros em cima delas e sem darmos conta que estamos em cima de uma duna. É uma prova muito especial. Por outro lado, o Qatar é uma mistura do Abu Dhabi com o resto dos locais por onde passará o Campeonato do Mundo.
Terás os teus companheiros Joan Barreda e Hélder Rodrigues presentes nesta prova…
Paulo Gonçalves – Sim. Acredito que todos estamos cá para tentar levar a Honda CRF450 Rally ao primeiro lugar. Todos iremos lutar ao máximo para o conseguir. O meu objetivo é terminar o mais à frente possível. Mas se qualquer um dos meus colegas de equipa também o conseguirem ficarei igualmente satisfeito.
O Dakar encerrou a temporada passada. Agora enfrentas um novo ano esquecendo aquilo que aconteceu em janeiro?
Paulo Gonçalves – Sim, claro. Há que ser positivo. O que aconteceu no Dakar já passou, ficou para trás. Às vezes acontecem coisas raras como esta em que não podemos fazer muito mais do que virar a página. Há que pensar positivo e esquecer o que foi menos bom, lutando sempre por melhor e melhorar.
Para concluir. No passado mês de dezembro estiveste, pela primeira vez, na gala de entrega de prémios da FIM em Monte Carlo, como todos os campeões do Mundo. Como foi a experiência?
Paulo Gonçalves – Foi algo muito marcante para mim. Tive a oportunidade de encontrar alguns dos meus ídolos, como o Cyril Neveu, que ganhou com a Honda em 1982, 1986 e 1987, e também, entre outros, o campeão do Mundo de MotoGP Marc Márquez, que é um jovem piloto muito talentoso.
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