FOM e FIA chegam a acordo… da Concórdia

Por a 27 Julho 2013 11:15

Bernie Ecclestone, pela FOM, e Jean Todt, Presidente da FIA chegaram a acordo para um novo Pacto da Concórdia que vai delinear os aspetos comerciais da modalidade para os próximos anos. Como se sabe, neste momento, Ecclestone possui acordos com dez equipas (só a Marussia ficou de fora) mas com este no Pacto, pretende-se que todas as partes envolvidas, as equipas, FIA e FOM concordem com ele, algo que deverá estar concluído nas próximas semanas.

A luta que se travou teve a ver com o desejo da FIA receber uma contribuição da FOM, já que até aqui só as equipas, através das inscrições e custos de superlicenças faziam entrar dinheiro na Federação. Outro dos pontos que afastava Todt e Ecclestone é o facto do homem da FOM pretender fazer com os jornais o mesmo que já fez com TVs. Pô-los a pagar para ‘distribuir’ conteúdos de F1, algo que Todt é totalmente contra. Resta saber a que acordo se chegou.

Uma máquina de fazer dinheiro

Mas como evoluiu esta questão do dinheiro na F1? O Campeonato do Mundo de F1 movimenta, de forma direta, mais de três mil milhões de euros por ano, mas o valor total ultrapassa amplamente os dez mil milhões anuais – quase tanto como um pais enorme e de grandes recursos como Moçambique. Amado por poucos, mas respeitado por todos, Bernie Ecclestone foi o cérebro por trás da enorme expansão da F1 e continua a apontar novos caminhos para fazer crescer esta verdadeira máquina de fazer dinheiro

Longe, muito longe, vão os tempos em que cada equipa ou piloto privado travava uma verdadeira batalha com cada organizador de Grandes Prémios para garantir um prémio de presença interessante. O prémio recolhido no final de cada prova servia para garantir a viagem para a corrida seguinte, onde todo o processo se repetia. É claro que com a faca e o queijo na mão, os organizadores punham e dispunham, ficavam com a maior parte dos lucros e as equipas – com patrocínios apenas dos fornecedores de pneus e das gasolineiras – penavam para sobreviver.

Foi este o estado das coisas durante os primeiros 25 anos da realização do Campeonato do Mundo de F1, quando entrou em cena Bernard Charles Ecclestone. Tendo adquirido a Brabham no final de 1970, Bernie Ecclestone percebeu rapidamente que as equipas estavam sentadas em cima de uma mina de ouro, assumiu, pouco a pouco, o controlo da recém-criada associação de construtores (a FOCA), livrou-se dos concorrentes privados, ganhou um braço de ferro com a FIA de Jean-Marie Balestre e em 1981 passou a gerir os direitos comerciais da F1.

Singapura paga mais

A partir dessa altura os organizadores de Grandes Prémios passaram a pagar quantias cada vez mais importantes pelo direito de receberem as equipas de F1. Dada a situação económica mundial, isso levou a que um desporto essencialmente europeu – em 1974, das 15 corridas disputadas, dez tinham lugar no Velho Continente e 20 anos mais tarde a situação era semelhante, com 11 de 16 corridas disputadas na Europa – passasse a ter a maior parte dos seus Grande Prémios disputado longe do núcleo das equipas: hoje em dia, em média, com algumas variações de ano para ano, só oito de 20 provas têm lugar na Europa.

Cientes do mediatismo da F1, os países mais apostados em melhorar a sua imagem, quer para atrair investimentos, chamar turistas ou impulsionarem a sua economia interna, abriram os cordões à bolsa, com Singapura a pagar 48 milhões de euros por ano para ter um Grande Prémio e a Coreia do Sul a despender 42 milhões de euros anuais.

Mas a lista dos “big spenders” não fica por aqui e inclui Abu Dhabi (40 milhões), Índia (32 milhões), Bahrein (32 milhões) e a China (27 milhões). A organização de Xangai foi a primeira a conseguir renegociar favoravelmente um contrato com Ecclestone, estando a pagar metade do que estava inicialmente previsto. A perda do patrocinador principal, a prisão do homem que negociou em nome do governo local com Ecclestone o primeiro contrato, e pressões das equipas para que mantivesse a corrida chinesa, levaram a esta situação pouco usual, mas que a maior parte dos outros organizadores quer seguir, encontrando alguma flexibilidade por parte do patrão da F1.

Isso também se aplica à maior parte das corridas europeias ou consideradas tradicionais (Brasil, Canadá, Japão e Austrália), que pagam entre 13 e 16 milhões de euros por ano, mas estão em grandes dificuldades para continuar a satisfazer as exigências da FOM e de Ecclestone. Só Mónaco é que continua a não pagar nem um cêntimo pela sua corrida, pois o inglês admite que o Mundial necessita mais da prova monegasca do que esta precisa da F1.

Contratos milionários com a TV

Ao mesmo tempo em que foi exigindo cada vez mais dos organizadores, numa expansão que já levou a F1 de volta aos Estados Unidos o ano passado, para a Rússia a partir de 2014 e, muito provavelmente de regresso ao México e à Argentina, num futuro próximo, Ecclestone percebeu que tinha nas televisões uma enorme fonte de receitas em potência e o tempo deu-lhe razão.

Se pelo caminho ficou uma dispendiosa aventura com a TV digital, na segunda metade dos anos 90, uma aposta prematura mas que garantiu uma enorme qualidade nas transmissões que continuamos a receber, Ecclestone aproveitou da melhor maneira as lutas pelas audiências para fazer aumentar o seu pecúlio. De regresso ao Mundial este ano, a Sky inglesa está a pagar 60 milhões de euros por ano pelos direitos televisivos da F1 no Reino Unido, o mesmo que paga a RTL para transmitir em canal aberto os Grande Prémios na Alemanha.

A Sky alemã e a RAI italiana pagam 40 milhões de euros anuais cada, mas a TV Globo brasileira, a Fuji TV do Japão, o Canal 5 espanhol e a TF1 francesa pagam todas acima de 20 milhões de euros anuais pelos direitos televisivos da F1. No total, 78 empresas televisivas transmitem os Grandes Prémios para mais de 130 países, com o valor mais baixo a ser pago pela TV albanesa – mesmo assim um milhão de euros por ano!

As novas fontes de rendimento

Rápido no ataque aos organizadores e às televisões, Ecclestone resistiu durante muitos anos a procurar outras fontes de rendimento, desconfiando de negócios em que não pudesse controlar todos os valores em questão. Pouco a pouco, lá acedeu a entrar no negócio do merchandising e do licenciamento, que ainda estão em fase quase embrionária, mas foi mais expedito nas parcerias, como com a DHL e a UBS, por exemplo.

Também a nível de publicidade nos circuitos, Ecclestone começou por preferir passar tudo para as mãos de um homem de confiança, Paddy McNally, da Allsport, mas nos últimos anos integrou esta empresa no seu grupo, garantindo mais uma importante fonte de rendimentos.

Agora, com um contrato inovador com a Tata Technologies, Ecclestone parece ter encontrado uma forma de rentabilizar uma área em que sempre se sentiu como um peixe fora de água: a internet. O acordo com aquele operador indiano vai permitir o lançamento de novos produtos e ideias para cativar jovens para as audiências da F1, disponibilizando imagens nos seus telemóveis, Blackberry, i-pads e outros, abrindo mais uma área de fortes rendimentos para a FOM.

Equipas vão receber mais

Com mais de 20 anos de atraso em relação a Ecclestone, as equipas lá perceberam que poderiam ter rendimentos muito mais elevados e das sucessivas alterações ao Pacto da Concórdia, chegaram a 50 por cento dos lucros totais que a FOM gera, o que equivale a uma fatia um pouco superior a 600 milhões de euros por ano, pelas contas de 2011.

Mas, lideradas pela Ferrari até esta conseguir um novo acordo muito mais favorável do que aquele que já tinha anteriormente, as equipas negociaram, uma a uma, acordos comerciais com Ecclestone, sendo voz corrente que vão passar a ter acesso a mais de 60 por cento dos lucros gerados pelo Campeonato do Mundo de F1.

Uma situação que poderá permitir às equipas mais pequenas, desde que entrem nos dez primeiros do Mundial de Construtores, viver quase exclusivamente dos prémios angariados, com os patrocinadores a servirem ou para que melhorem as suas infraestrutura ou para lhes dar um lucro apreciável. Agora, resta saber em que termos foi negociado este novo Pacto da Concórdia.

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