Nelson Piquet Jr.: «Ainda tenho muito que aprender!»

Por a 21 Fevereiro 2008 11:54

Dois meses após ter produzido afirmações em relação a Alonso pautadas pelo excesso de confiança, Nelson Piquet já percebeu de que fibra é feito o Bicampeão Mundial. E como para bom entendedor meia palavra basta, o jovem brasileiro tornou-se mais realista, moderou o seu discurso, mas continua a acreditar

O contacto com Fernando Alonso em pista parece ter feito bem a Nelson Piquet. O jovem brasileiro parecia muito seguro de si na fase final do ano passado e durante os testes de Inverno, mostrando-se confiante na sua capacidade de bater-se, de igual para igual, com o Bicampeão do Mundo, ao ponto de preocupar alguns dos responsáveis da Renault, que temiam falta de preparação do seu pupilo.

Nelson Piquet Jr.: «Ainda tenho muito que aprender!»

Mas Piquet percebeu rapidamente que ter apenas talento não chega, e depois de ter visto como trabalha Fernando Alonso, tanto quando está ao volante como na forma como comunica com os engenheiros da Renault, assumiu uma postura bastante mais humilde, mesmo se não esconde que, como é óbvio, o seu grande objectivo continua a ser o de andar à frente do seu companheiro de equipa.

Em Jerez de la Frontera falámos com o filho do Tricampeão do Mundo dos anos oitenta e tivemos pela frente um jovem piloto ambicioso, é certo, mas bastante realista e com a perfeita noção de que ainda tem muito que aprender antes de poder lançar-se em voos mais altos.

Para começar, quisemos saber com que perspectivas Nelson Piquet encarava a sua estreia em Grandes Prémios e a resposta saiu pronta: «Acima de tudo, nas primeiras corridas, o meu objectivo tem de ser o de manter um andamento regular, não cometer erros e terminar as provas, pois só assim poderei aprender bastante. Vou ter de ser um pouco mais cauteloso do que é habitual, pois quero evitar a todo o custo erros idiotas que os estreantes às vezes cometem, porque isso pode afectar o resto da minha temporada. Vou tentar andar o mais depressa que sei, é claro, mas dando uma margem de segurança um pouco maior do que o habitual, porque o essencial vai ser fazer quilómetros e ganhar experiência de corrida.»

Pelos vistos a estreia desastrosa de Heikki Kovalainen com a Renault já lá vai um ano, marcou o piloto brasileiro, pois o finlandês saiu de pista por três vezes em corrida e terminou longe dos pontos, enquanto o veterano Fisichella foi bastante mais certo e terminou a corrida australiana em quinto lugar.

«Estudo para ver onde perco!»

Depois de ter efectuado sozinho os testes de Novembro e Dezembro, pois era o único piloto disponível na Renault (Fisichella e Kovalainen estavam de saída para equipas rivais e Alonso só estaria disponível a partir de Janeiro), Nelson Piquet tem podido comparar-se a Fernando Alonso, o que o tem ajudado a evoluir bastante.

Sem querer entrar em muitos detalhes, mesmo assim o brasileiro explica que, «estou a evoluir todos os dias, porque aprendo coisas novas todos os dias. Posso ver como é que o Fernando trabalha, como é que ele pilota, mas não vou mudar o meu estilo de pilotagem por causa disso. Aprendo com ele, mas continuo a fazer as coisas à minha maneira.»

Pela observação em pista ficou claro que nas curvas rápidas a diferença entre os dois pilotos era mínima – mais uma questão de confiança do que de técnica – mas nas curvas lentas o espanhol era claramente mais veloz, apesar de ficarmos com a sensação que na maior parte das vezes era Piquet quem travava mais tarde, perdendo, depois, a meio e na saída das curvas.

O jovem brasileiro admitiu ser esse o caso, explicando que «quando travo tarde de mais, tenho de travar durante mais tempo, pelo que a velocidade no ponto de corda já é menor e, depois, perco ainda mais tempo na saída das curvas. Noutras ocasiões travámos no mesmo sítio, mas ele tem uma velocidade de passagem em curva maior, por largar os travões mais cedo. Noutros casos, até travo mais cedo, tenho a mesmo velocidade em curva mas saio mais lento.

Sei onde estou a perder tempo para o Fernando, sei onde tenho de evoluir, mas tenho de continuar o meu caminho sem me preocupar muito com a diferença de tempo. Ele já tem muitos anos de Fórmula 1, já experimentou tudo o que havia para experimentar, enquanto eu ainda estou a aprender coisas novas todos os dias. Só posso é continuar a trabalhar, a estudar bem todos os dados, para ver onde estou a perder tempo e como posso melhorar. Sem pressão, mas com evidente pressa de melhorar!»

«Quando o bater não será um problema»

Mesmo admitindo que nesta altura existe uma diferença de andamento entre si e Fernando Alonso, Nelson Piquet não tem dúvidas que mais cedo ou mais tarde vai andar na frente do Bicampeão do Mundo e, também, que não acredita que isso vá causar problemas no seio da equipa: «Um dia, seja em que pista for, vai acontecer que eu estarei mais à vontade do que ele; que eu tenha um melhor acerto do que ele, ou faça uma volta melhor do que a dele e me qualifique à sua frente.

Também há-de acontecer eu ter uma estratégia melhor do que a do Fernando, numa qualquer corrida, ou ter mais sorte do que ele e terminar à sua frente. É tudo uma questão de tempo e de oportunidade, mas é evidente que isso vai acontecer. E quando isso acontecer não estou à espera de problemas no seio da equipa. Estamos os dois na Renault para dar o nosso melhor e quanto mais à frente andarmos, melhor isso será para a equipa. Penso que ele sabe que pode perder para mim, como eu sei que posso perder para ele e não há drama nenhum nisso. Na Renault nunca houve problemas entre os dois pilotos, porque o Flavio Briatore sabe gerir muito bem a equipa e não é agora que as coisas vão mudar.»

De qualquer maneira, os objectivos do jovem Piquet para esta temporada são bastante claros: «Ninguém sonha ser segundo num Grande Prémio, ser vice Campeão do Mundo ou andar atrás do seu companheiro de equipa, pois não? Todos queremos ganhar corridas, ser Campeões do Mundo e andar na frente dos nossos companheiros de equipa, pois só assim é que podemos estar motivados. Por isso o meu grande objectivo é o de bater o Alonso o mais depressa possível, mas tenho consciência de que a minha tarefa não vai ser fácil, pois há uma grande diferença de experiência entre nós. Mas se não acreditasse que o podia bater, então não estaria aqui, pois na Fórmula 1 não há lugar para pilotos que aceitem que outros são mais capazes do que eles.»

«Progredimos em todas as áreas!»

Numa altura em que o Renault R28 já cumpriu três semanas de testes e com Fernando Alonso a declarar que a sua nova montada é um segundo por volta mais lenta que os Ferrari e os McLaren, Nelson Piquet admite que a sua equipa ainda não está preparada para ganhar, mas mostra-se agradado com o novo chassis: «Uma coisa é certa: este carro é muito melhor do que o R27 em todos os aspectos. Melhorámos muito a aerodinâmica anterior do chassis, que era um dos pontos fracos do carro do ano passado; temos uma distribuição muito mais adequada aos pneus da Bridgestone do que a que tínhamos no ano passado; temos uma perfeita compreensão de como funcionam estes pneus, ao contrário do que acontecia em 2007. Por isso tudo, estamos em muito melhor posição do que em Fevereiro de 2007 mas, ao contrário do que aconteceu no ano passado, não estamos a perder o nosso tempo a fazer cálculos em relação à nossa posição relativamente à concorrência.

Sabemos que ainda estamos longe da Ferrari e da McLaren, mas temos dias em que somos melhores que a BMW e a Williams e outros dias em que eles parecem mais fortes. É uma perda de tempo andar a tentar saber onde estão os outros em termos de andamento. Temos é de dar o nosso melhor até á primeira corrida e quando chegarmos aí logo veremos em que posição estamos no pelotão. Não sei se a diferença para os primeiros é de um segundo por volta, mas se for então só temos é de trabalhar muito para a reduzir e eliminar. Até à primeira corrida ainda falta muito tempo, ainda temos muitas coisas para testar, pelo que devemos permanecer calmos e concentrados, trabalhando o mais e o melhor que pudermos, para chegarmos na melhor forma possível a Melbourne. Porque é ai que estão pontos em disputa, não nestes testes de Inverno.»

Um discurso maduro, realista e bastante mais humilde do que num passado recente, que abre melhores perspectivas para a temporada de estreia de Piquet na Fórmula 1, quase 30 anos depois do seu pai ter começado a sua carreira nos Grande Prémios em 1978, no GP da Alemanha em Hockenheim, então com um modesto Ensign-Ford Cosworth.

Luís Vasconcelos

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