«Boa…Toine!»

Por a 9 Outubro 2007 16:46

Os quarenta anos do Rali de Portugal proporcionaram histórias quase ilimitadas, algumas delas, absolutamente deliciosas de se lerem. Esta de António Pinto dos Santos aos comandos da Renault 4L, é uma delas:

«Na edição de 1997, no decorrer da última etapa não estávamos em último: havia um Fiat Cinquecento atrás de nós. O piloto desse Cinquecento começou a insinuar que na 1ª passagem por Arganil nós tínhamos “atalhado”… e até jurou que nos tinha visto a atalhar. Toda esta desculpa porque lhe tínhamos “dado” quase 1 minuto na passagem anterior.»

«Aquela insinuação irritou-me, e na 2ª passagem por Arganil pus o “freio” nos dentes e ainda vim mais depressa (imaginem o perigo de por o freio nos dentes ao volante de uma Renault 4L de série). Ao chegarmos no final de uma longa e íngreme subida, no gancho à direita da casa do PPD, apesar da velocidade “alucinante” de 30-40 kms/h, entrei no meio dos “carris” lavrados no meio do gancho deixados pelos 40 e tal concorrentes à nossa frente para fazer esse gancho; o carro prendeu nos carris e deitou-se para o meu lado: tombou e até se partiu o retrovisor do meu lado! Mas ao tombar, o chassis mesmo por baixo da minha porta bateu numa pedra enorme que felizmente lá estava no meio da curva e o carro voltou à sua posição normal por si, sem sequer eu ter deixado o motor ir abaixo.»

«Meti a primeira e lá fomos pela classificativa abaixo, num ritmo meio alucinante de andamento tipo “ió-ió” para cima e para baixo. Todo o pessoal que estava nessa curva deu-nos uma enorme ovação. O meu irmão, como eu tinha o vidro aberto, pensou que eu tinha empurrado a terra com o braço e com a força do braço conseguido retomar a posição normal do carro e disse-me: «boa Toine!» (como quem diz “boa ideia” essa de empurrar com o braço pelo vidro aberto).»

«E lá fomos por ali abaixo com os amortecedores de série um bocado quentes e com a agravante da irregularidade do terreno, o nosso andamento visto de fora era mesmo tipo ió-ió e, caso o ió-ió entrasse em ressonância podíamos mesmo desfazermo-nos. Por isso, à medida que este efeito de “ió-ió” se ia agravando pelo meio das classificativas, eu tinha que dar umas travadelas para o anular/compensar. Apesar desta pequena e pouco demorada peripécia “demos” quase 1 minuto e meio ao Cinquecento:»

«Nota: ouvi dizer que havia um espectador de Ceira nesse gancho que gravou um vídeo com estas imagens; se for um leitor do AutoSport eu gostaria que me contactasse, pois adorava guardá-las (TM: 96 4034677).»

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