Recordar o teste de Álvaro Parente com a Renault F1
A menos de uma semana da estreia de António Félix da Costa aos comandos de um Fórmula 1 da Force-Índia, o AutoSport recorda aqui o dia 17 de Janeiro de 2008, quando Álvaro Parente testou o Renault de F1 em Jerez de la Frontera. A acompanhá-lo esteve, como sempre Luís Vasconcelos, enviado especial do AutoSport ao Mundial de Fórmula 1, que seguiu a par e passo a evolução do teste.
Por isso, temos uma ideia muito precisa do que vai passar Félix da Costa, sendo que aqui vamos recordar as conclusões e opiniões relativamente a Álvaro Parente na altura. Sabemos tudo o que se passou depois, mas também sabemos que na altura tudo indicava que o atual piloto do FCP na Superleague e Aurora Racing Team nos GT aspirava por um futuro bem diferente, que ainda se mantém na mira.
De referir que Parente realizou na altura tempos melhor que nomes bem consagrados como David Coulthard (Red Bull RB3-Renault), Vitantonio Liuzzi (Force India F8-VII/B-Ferrari) ou mesmo Nico Hulkenberg (Williams FW29B-Toyota) e Timo Glock (Toyota TF107B). Veja tabela em baixo.
Aqui fica a reportagem assinada por Luís Vasconcelos
OPINIÃO
SINAIS MUITO ANIMADORES
O primeiro dia dum piloto ao volante dum Fórmula 1 é obviamente importante mas só pode ser decisivo para o seu futuro se for muito negativo. E o primeiro teste de Álvaro Parente com a Renault foi francamente positivo, mesmo se há que resistir à tentação de embandeirar em arco, pois otimismos a mais só podem “estragar a festa” do nosso compatriota.
Fazendo uma análise a frio do trabalho de Parente em Jerez de la Frontera, é fácil perceber que muitas dúvidas ficaram resolvidas a favor do português. Tem talento para ser piloto de Fórmula 1? Sem dúvida; tem capacidade técnica para trabalhar o acerto dum carro desta complexidade e poder ser útil como piloto de testes? Também aqui a resposta só pode ser positiva; interessa à Renault, numa perspetiva de futuro? Claro que sim, pois as palavras dos seus responsáveis foram claras. Mas querer saber se temos em Parente um potencial vencedor de Grandes Prémios ou um Campeão do Mundo da próxima década é querer pôr o carro à frente dos bois.
Melhorar preparação
O que Parente necessita agora é de estar melhor preparado fisicamente para o caso de ser chamado a novo teste – e agora que já conhece as exigências da F1 nesta área temos a certeza que o vai fazer – e fazer um bom trabalho quando essa ocasião surgir. Mas o português também necessita de correr em 2008 e com algumas boas equipas de GP2 interessadas nos seus serviços vai ter mesmo de arranjar apoios para participar neste campeonato, mesmo que a Renault não o ajude.
Portugal tem em Parente o primeiro jovem desta nova geração com claras qualidades para singrar na F1 e é necessário que as principais empresas nacionais percebam o quanto podem lucrar com o apoio ao piloto do Porto, pois o retorno que se tem na Fórmula 1 só é comparável com o que se tem nos Jogos Olímpicos. Por isso espero que alguém tenha a visão necessária para apoiar o jovem Álvaro Parente, que está a apenas dois degraus da Fórmula 1 e só precisa dum “empurrãozinho” para lá chegar.
Relatório muito favorável a Parente
Álvaro Parente poderá ser chamado para mais um dia de testes com a Renault se as recomendações feitas no relatório da equipa de testes da marca francesa forem seguidas pelos dirigentes máximos da marca de Enstone.
De qualquer maneira a equipa de testes da Renault reconhece o bom trabalho do português, com Carlos Nunes a garantir-nos que, “o Álvaro fez um teste muito bom, parecido com o que o Kubica fez connosco há dois anos e só foi pena não ter feito uma série de voltas mais longa para ficarmos com uma fotografia completa do seu potencial.”
Segundo fontes da Renault o relatório que foi preparado por Nunes e Christian Silk e será entregue hoje a Flavio Briatore dá nota muito positiva em todos os aspectos – velocidade de adaptação à Fórmula 1, velocidade de evolução ao longo do dia, capacidade para compreender as alterações feitas no acerto, qualidade da sua informação técnica, rapidez numa só volta e aproveitamento de pneus novos – deixando apenas pontos de interrogação no que respeita à sua regularidade nas séries de voltas mais longas e na sua preparação física.
Por isso os responsáveis da equipa de testes da Renault pretendem que o piloto português ganhe em capacidade física rapidamente, para poderem efetuar mais um teste nos próximos meses, com o objetivo de definirem quais as reais capacidades de Álvaro Parente. Mas que todos ficaram impressionados, disso não restam dúvidas.
Renault pode pagar temporada na GP2!
Com Fernando Alonso e Nelson Piquet como titulares e tendo Luca di Grassi e Romain Grosjean como pilotos de testes, a Renault não tem lugar para encaixar Álvaro Parente na sua equipa de Fórmula 1 este ano, mesmo que decida avançar para a sua contratação, provavelmente depois de mais um dia de testes que deverá ser concedido ao português.
Mas depois de ter sido ultrapassada pela BMW na contratação de Robert Kubica, que em apenas 41 voltas a Barcelona mostrou a todos que merecia estar na Fórmula 1, a Renault não deverá estar disposta a cometer o mesmo erro e segundo fontes de Enstone poderá oferecer um contrato a longo prazo a Parente, pagando-lhe o que faltar no seu orçamento para que corra numa boa equipa de GP2, para ficar com uma opção sobre os seus serviços em anos futuros.
É claro que para isso Parente e quem gere a sua carreira terão de aceitar ficar nas mãos de Briatore, mas tirando Sospiri e Kubica não há ninguém que tenha feito essa opção e se tenha dado mal. Só o facto de garantir um orçamento para a GP2 e ficar ligado à Renault, quando Piquet, di Grassi e Grosjean ainda não convenceram os seus responsáveis, será já muito positivo para Parente, que poderá ter dado um passo fundamental na sua carreira com as excelentes 64 voltas efetuadas em Jerez de la Frontera.
MELHORES TEMPOS
F. Alonso (Renault R27), 1m19,503s; P. de la Rosa (McLaren MP4/24-Mercedes), 1m19,650s; K. Raikkonen (Ferrari F2008), 1m19,708s; N. Rosberg (Williams FW29B-Toyota), 1m19,755s; F. Massa (Ferrari F2008), 1m19,772s; T. Glock (Toyota TF108), 1m19,779s; H. Kovalainen (McLaren MP4/24-Mercedes), 1m19,780s; L. Hamilton (McLaren MP4/24-Mercedes), 1m20,099s; S. Vettel (Toro Rosso STR02-Ferrari), 1m20,305s; S. Bourdais (Toro Rosso STR02-Ferrari), 1m20,346s; M. Webber (Red Bull RB3-Renault), 1m20,392s; K. Nakajima (Williams FW29B-Toyota), 1m20,526s; K. Kobayashi (Toyota TF107B), 1m20,577s; G. Fisichella (Force India F8-VII/B-Ferrari), 1m20,764s; J. Trulli (Toyota TF108), 1m21,344s; N. Piquet (Renault R27), 1m21,595s; A. Sutil (Force India F8-VII/B-Ferrari), 1m21,705s; A. Parente (Renault R27), 1m21,721s; D. Coulthard (Red Bull RB3-Renault), 1m21,745s; D. Coulthard (Red Bull RB4-Ferrari), 1m22,581s; V. Liuzzi (Force India F8-VII/B-Ferrari), 1m23,035s; N. Hulkenberg (Williams FW29B-Toyota), 1m24,023s; T. Glock (Toyota TF107B), 1m24,351s; e J. Rossiter (Super Aguri SA07B-Honda), 1m34,852s
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