«Se eu tivesse uma segunda vida…»

Marcus Gronholm perdeu na Irlanda grande percentagem das suas hipóteses de se sagrar campeão do Mundo de ralis no seu ano de despedida. Será um amargo de boca que ficará para sempre com o finlandês, mas a verdade é que, como já veio a público há algum tempo atrás, o Rali da Grã-Bretanha poderá não ser o último da carreira, já que pouco depois de ter anunciado o fim da carreira, disse que quando chegasse a altura de se realizarem provas como os ralis da Suécia ou Finlândia lhe iria custar ficar de fora.

Mas isso é futurologia! Para já fique com as palavras do finlandês relativamente a tudo o que se passou na Irlanda:

«Fomos para a Irlanda para o último rali de asfalto do ano e aquele que espero seja o penúltimo rali da minha carreira. Nos reconhecimentos, percebemos rapidamente que seria um grande desafio chegar ao fim sem problemas com o ritmo que teríamos que imprimir. Algumas partes da estrada lembravam-me o Rali da Alemanha, mas se tivesse chovido nessa prova. A questão não era estarmos num rali de asfalto com bermas cheias de terra, a questão é que, de um momento para o outro, estávamos num rali de terra! O carro estava constantemente a bater em baixo e nos saltos, onde, de facto, passávamos a primeira vez, não se poderia passar a fundo.»

«Tácticas? Nunca usamos isso! Sempre esperamos para ver como se situam os nossos adversários e como o rali decorre e depois decidimos o ritmo a optar em conformidade. O nosso director desportivo sabia bem as difíceis condições que poderíamos encontrar pois ele mesmo as encontrou quando, há dois anos, fez, neste carro, de carro de segurança da prova. E era inútil mandar batedores para a estrada que chegariam ao local ainda de noite e que por isso ainda veriam menos do que nós nas passagens de prova.»

«O nosso director técnico, Christian Loriaux disse-nos que o facto de termos participado no anterior Rali de Galway para estudar o terreno irlandês e depois do Mikko ter entrado no Rali Cork 20 não nos iria trazer grande vantagem técnica. E que, de resto, os testes efectuados pelo Mikko, uma semana antes do Rali da Irlanda, na ilha de Man seriam, a este respeito, até muito mais conclusivos uma vez que foi possível andar em piso molhado, em estradas muito estreitas e carregadas de ressaltos, tal como acontece também no Rali da Irlanda.»

«Mas a verdade é que se eu pudesse viver outra vez uma segunda vida e passar de novo no troço número quatro, certamente que faria as coisas de forma diferente! Como viram a maior parte dos espectadores pela televisão ou no YouTube, tratava-se de uma direita rápida muito larga que tinha a separá-la de um lago um muro. Acabei por perder o controlo do carro quando travei. A superfície parecia normal, mas quando travei foi como se estivesse a deslizar sobre gelo e por isso não consegui controlar a situação indo embater violentamente no muro. Como o impacto foi do meu lado, o Timo Rautiainen não teve nada, mas eu, apesar de ter conseguido sair pelos meus próprios meios do carro, não fiquei tão bem e os organizadores decidiram levar-me ao hospital para fazer exames. Saí de lá sem problema, mas com duas certezas: o abandono no Rali da Irlanda na primeira manhã da prova foi extremamente desapontante e as nossas esperanças em chegar ao título de Pilotos não são agora…muito boas! Mas, pelo menos, a equipa BP Ford conquistou já o título de Marcas, o que foi bastante satisfatório.»