Paulo Pinheiro: “F1 em Portugal é uma utopia a curto prazo”

Inaugurado no final de Outubro, o Autodrómo Internacional do Algarve ainda cheira a novo. Três meses depois, por lá já passaram alguns dos melhores pilotos da actualidade, casos de Hamilton, Alonso, Nico Rosberg ou Piquet Jr. O traçado mereceu rasgados elogios dos pilotos:

“É uma pista que demora tempo a perceber, um verdadeiro desafio”, como confidenciou Michael Schumacher após os testes que ali realizou. Por alguma razão, até o actual Campeão do Mundo de F1 precisou de quatro voltas para descobrir as trajectórias ideais, se bem que a maioria só o fez ao fim de 10 a 12 voltas. “É melhor nem dizer nomes, pois ia envergonhar muito boa gente”, graceja Paulo Pinheiro, um ex-piloto de motos que é também um virtuoso do volante.

Pelo menos, assim revela a telemetria do Ferrari Challenge com que bateu Schumacher por um segundo. “É claro que eu conheço cada palmo da pista, enquanto o Michael fez o tempo logo à segunda volta”, justificou. Ideia megalómana em 2000, o projecto demorou oito anos a sair do papel, mas apenas oito meses a pôr de pé. Custou para cima de 200 milhões de euros, mas poderá vir a ser rentabilizado em apenas sete anos.

“É para aí que aponta o nosso plano de negócios”, confirma o administrador da Parkalgar. “A principal fonte de receita vem da utilização do circuito, seja com testes, corridas, apresentações, publicidade, venda de camarotes ou espaços comerciais”. Revela ainda que a receita com os testes de F1 é interessante (fala-se em 50 mil euros por dia) mas não faz a diferença nos 365 dias do ano.

F1 impossível a curto prazo

Mais importante, “foram as repercussões e a exposição que o circuito e a região tiveram a nível internacional”. Atento ao que se tem dito por estes dias sobre um hipotético regresso da F1 a Portugal, Paulo Pinheiro mantém a ideia de que “isso é algo utópico a curto prazo”. E aludindo aos 15 milhões de euros que Carlos Barbosa pediu para trazer de volta a F1, acrescenta: “Parece-me pouco dinheiro. E o Governo terá agora outras prioridades”, avisa. E já agora, como reagiu o “provinciano” à expressão utilizada por Laurentino Dias na resposta ao presidente do ACP? “Por acaso até já falámos depois disso (risos). E sei que ele não utilizou essa expressão com sentido pejorativo”.

Que competição foi mais difícil garantir até agora?

Pelos valores e níveis de exigência solicitados, sem dúvida que a GP2, até porque as negociações foram feitas directamente com a FOM, a mesma empresa que gere e promove a F1.

E qual ainda não desistiu de trazer ao Algarve?

É um objectivo difícil e a médio prazo. Mas pelo espectáculo e sucesso que têm os campeonatos americanos, seria curioso ter aqui o IRL ou o Grand-Am. Quem pensa que será o próximo português a chegar à F1?

Julgo que tanto o Filipe Albuquerque como o Álvaro Parente têm potencial para o conseguir. Embora mais novo, o Félix da Costa é outro piloto de grande futuro.

Datas a reter no AIA em 2009

15/17.03 Testes de F1 (a confirmar)

10/12.04 A1GP Taça das Nações

15/17.05 Open GT Internacional/PTCC

31.07/02.08 1000 km do Algarve/Le Mans Series

28/30.08 Campeonato Nacional Motociclismo

11/13.09 Campeonato do Mundo FIA GT

17/20.09 GP2 Series – Final

16/18.10 Algarve Historic Festival

23/25.10 Mundial de Superbikes

06/08.11 Campeonato Espanha GT/PTCC

Jorge Rodrigues