Governo francês forçou ou não o cancelamento?
É difícil, senão mesmo impossível, identificar uma só causa directa para o primeiro cancelamento da história do Dakar, já que para além da ameaça terrorista e das consequentes pressões políticas pesou também uma motivação económica.
Logo que o Governo francês desaconselhou os seus cidadãos a deslocarem-se à Mauritânia, as companhias de seguros que cobriam os riscos da organização do maior rali do mundo optaram por retirar-se, deixando a A.S.O. por sua conta e risco, pois caso a prova avançasse e se verificasse algum atentado terrorista, ou qualquer outro tipo de incidente, não haveria qualquer compensação económica aos envolvidos.
Por outro lado, sabe-se que a Total – a petrolífera oficial do rali, responsável pelo fornecimento de todo o combustível em África – deu ordens aos seus colaboradores para desmobilizarem do terreno logo na madrugada de sexta-feira, portanto, muitas horas antes do anúncio oficial de Etienne Lavigne, e numa altura em que se discutiriam ainda no CCB planos alternativos ao percurso.
O “Expresso” avança mesmo que terá sido o próprio Nicolas Sarkozy a ordenar a retirada da Total (empresa pública francesa), hipótese prontamente rejeitada pela petrolífera, que garantiu ter estado sempre solidária com a Organização.
Fosse como fosse, o rali acabou logo que o executivo francês invocou “razões de Estado” para a não realização da prova. «A partir daí, já nada era discutível», lembrou Etienne Lavigne.
Governo francês negou imposição
Apesar de todos os dados disponíveis indicarem ter sido o governo francês a forçar o cancelamento a verdade é que estes negam que assim tenha sido, e foi isso mesmo que fez Bernard Kouchner, Ministro dos Negócios Estrangeiros de França, que garantiu, em Lisboa, que a decisão pertenceu exclusivamente aos organizadores da prova, referindo no entanto que foi a decisão mais acertada.
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